domingo, 30 de setembro de 2012
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
E se o cimento fosse feito a partir de cannabis? - in Diário Económico
"Alguns devotos pensam que é a resposta para tudo", afirma Pete Walker sobre o cânhamo. "Pode comer-se [é rico em óleos omega-3 e omega-6], utilizar-se como loção corporal, vestir-se, escrever-se - e, obviamente, fumar-se - mas o nosso interesse recai sobre a possibilidade de ser utilizado na construção".
O director do Centro de Materiais de Construção Inovadores do Instituto de Investigação da Construção do Reino Unido na Universidade de Bath iniciou recentemente um projecto de 856 mil euros (740 mil libras), financiado pelo governo do Reino Unido e pelo sector da construção, para estudar e desenvolver a utilização deste material na construção. A pesquisa é sustentada em mais de mil anos de história. Arqueólogos em França descobriram uma ponte do século VI em que as pedras foram ligadas com argamassa à base de cânhamo.
Ao longo de milhares de anos, o cânhamo tem sido cultivado pelas suas fibras que são usadas para fazer cordas e têxteis. Também conhecido por ‘Cannabis sativa', era tão importante para a economia durante o reinado de Henrique VIII que os agricultores eram obrigados a cultivá-lo.
Das estrebarias para a construção
É o espesso núcleo interno da planta do cânhamo, o subproduto que resulta dp "desperdício" da extracção das fibras, que é usado na construção. Na prática, o cânhamo substitui o inerte - pedras e gravilha - que é normalmente utilizado na mistura com o cimento para formar betão. A Lime Technology, uma das empresas líderes na construção à base de cânhamo, denomina o seu produto de "hemcrete" - "betânhamo".
Tradução de Carlos Jerónimo
terça-feira, 9 de junho de 2009
Dúvidas de um leitor #2
Via comentários do CânhamoPT chegou-me esta mensagem:
"olá
desde já os parabéns por ter coragem de enfrentar uma temática tão sensível
gostaria de saber se tem a certeza absoluta sobre os dados que esta a inserir no blog, no que diz respeito a legalidade de cultivar cânhamo(com valores inferiores a 1% de THC)
se teve algum aconselhamento jurídico, se fez alguns contactos com o ministério da agricultura, se teve acesso a legislação, etc, etcA minha
todas as informações que tive acesso à uns anos era que era preciso uma autorização do ministério da agricultura e mesmo assim não era suficiente, tanto que ouve um caso relatado nos meios de comunicação na altura sobre um agricultor que apesar de ter a autorização do ministério, de ter as sementes certificadas legalmente pela CEE, e de receber fundos da mesma para o cultivo, ter os documentos todos em ordem, a GNR apreendeu tudo e ainda teve que ir a tribunal.
fico a aguardar novidades sobre este assunto.
josé
p.s. queria também informa-lo que a cannabis não é um repelente de pragas, mas sim o contrario, e todos os testes que fiz provaram o mesmo."
resposta:
Muito obrigado pelo apoio.
Plantar cânhamo em Portugal é legal e incentivado como consta do Diário da República de 22/10/99 disponível para Download (aqui).
Este documento, mais especificamente o Decreto Regulamentar n.o 23/99 é o instrumento em vigor que estabelece entre outras coisas ligações para o Regulamento Comunitário que define as variedades de cânhamo de cultivo permitido.
Existem alguns documentos posteriores que complementam este mas nenhum que o substitua por completo.
Em termos práticos deparamos-nos com uma outra realidade. Estabeleci contactos com o Ministério da Agricultura e com a Polícia Judiciária.
Da parte do Min. da Agricultura - Gabinete de Planeamento e Políticas - Direcção de Serviços das Fileiras Agro-Alimentares soube que existe uma pessoa - Eng. Inês Vacas que tem conhecimentos sobre o cultivo do Cânhamo. De resto ninguém me soube dar informações sobre autorizações e formulários necessários para pedir subsídios ao cultivo.
Da parte da PJ, pelo nome do Inspector Victor Pita, a informação que recolhi foi no sentido de a PJ nada ter a ver com o controle dos campos de cultivo, pelo que o mesmo inspector remeteu para a ASAE essa responsabilidade.
A história que conta realmente aconteceu e está noticiada no Expresso aqui.
Neste momento aguardo por um derradeiro desenvolvimento destas questões, visto existirem novamente pessoas interessadas em reactivar o cultivo do cânhamo.
Seguramente terei novidades depois da Feira do Cânhamo que ocorre já este mês no Porto.
Por último em relação às Pragas o que lhe posso dizer é que são de facto inúmeros os relatos e artigos que apresentam o cânhamo como repelente de pragas. Na Quinta do Sargaçal encontramos uma referência no Post: O cânhamo contra as lagartas das couves cujos comentários recomendo como leitura. No entanto a própria Ecologia das pragas é um campo vasto e conhecem-se mais de 300 pragas afectas ao cânhamo, ainda que poucas comprometam a colheita final.
Afonso David
terça-feira, 28 de abril de 2009
domingo, 26 de abril de 2009
Dúvidas de um leitor
"Boas noites. Há alguns meses que ando a ler acerca da cannabis e do cânhamo. Contudo, surgem-me várias dúvidas acerca dos mesmos:
- É rentável fazer uma plantação de cânhamo industrial em Portugal? Não vejo produtos à venda, nem nunca ouvi falar sequer em números. Li há uns dias que em 1998 eram 23/25 cultivadores, que no entanto foram diminuindo.
- Apesar de ser legal, há grandes problemas com a legislação portuguesa? O que eu quero dizer é se posso estar seguro ao plantar, se não estaria envolvido em muita burocracia.
De salientar que não tenho qualquer experiência em agricultura, mas que no entanto já me "cultivei" bastante estes últimos meses, o suficiente para poder ver que é uma grande oportunidade que aqui temos, tanto a nivel económico como ambiental."
Ao que lhe respondi:
Respondendo directamente às tuas questões: Neste momento plantar cânhamo em Portugal não é particularmente rentável porque não existe uma estrutura agrícola e industrial para o Cânhamo no nosso país.
As plantações de cânhamo industrial são por natureza monoculturas e para serem verdadeiramente rentáveis são necessários vários hectares cultivados. Existem várias máquinas especialmente concebidas para o cânhamo, nomeadamente plantadores, equipamentos de colheita e essencialmente equipamentos transformadores que processam as varas de cânhamo na fibra têxtil propriamente dita. O cânhamo é uma cultura subsidiada pela UE, estando os apoios na ordem dos 200 euros por tonelada.
O problema do cânhamo Português é que não existe uma indústria transformadora em Portugal, pelo que o produto tem de ser exportado para outros países.
Em relação a problemas com a lei, eles não existem. O problema está, isso sim, na extrema dificuldade de acesso a sementes certificadas, sem as quais não podes cultivar. Quando compras estas sementes recebes um papel omolgado pela UE a permitir o cultivo, que podes e deves mostrar às autoridades que actuam perto do local. (em anexo tens um exemplo)
Tenho tentado contactar inúmeros institutos e empresas Europeus na tentativa de adquirir sementes certificadas e não consigo obter respostas. Neste momento o único caso que conheço é o da Hempflax que vende cerca de 5000 sementes a 50 Euros o que me parece ser excessivamente caro.
O papel do cânhamo em Portugal passa essencialmente pelos usos que um pequeno agricultor pode dar à planta, nomeadamente num contexto de Agricultura Biológica. Por ser regeneradora do solo é uma excelente cultura para substituir a época de pousio e para fazer Adubação Verde, afastar pragas e funcionar como barreira entre campos de cultivo. Para além disto produz sementes fantásticas para consumo humano e das folhas pode-se fazer chá. Como vês qualquer pequeno agricultor devia semear cânhamo para fins não industriais.
Afonso David